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UMA BREVE HISTÓRIA DAS REFEIÇÕES FESTIVAS

Irmãos, este ensaio é subintitulado ” … e, portanto, beber tragos e comer petiscos”. Trata sobre as origens dos costumes observados em nossas refeições festivas. Na sua preparação, consultei várias fontes às quais sou muito .agradecido. Em particular, eu gostaria de mencionar os trabalhos dos Veneráveis Irmãos Bemard Jones, Harry Carr, John Hamill e Washizu Yoshio, inclusive, as atas (transactions) publicadas pela Loja de Pesquisas Quatuor Coronati (Quatuor Coronati Lodge of Research). No entanto, quaisquer erros, omissões ou suposições erradas são de minha própria responsabilidade.

Uma refeição, no contexto de uma “refeição festiva”, é uma mesa bem familiar, com alimentos. Os primeiros relatos sobre refeições festivas maçônicas foram feitos por maçons operativos no século 14, especialmente, para celebrar festas religiosas, embora podem ter sido marcadas para os encontros puramente maçônicos, referidos nas Antigas Obrigações (Old Charges). Nesses dias especiais, maçons operativos se reuniam em edifícios em construção ou, em abrigos temporários, chamados lojas e festejavam com carne assada, regada com cervejas temperadas.

O manuscrito Regius do século 14 prevê como os maçons devem se comportar nessas primeiras refeições festivas. Eles deveriam ir para a mesa com as mãos limpas, não poderiam falar com boca cheia e deveriam se abster de utilizar o guardanapo para assoar o nariz. Todos, não obstante, bons conselhos!

 

No final do século 17 e início do 18, primórdios da maçonaria especulativa, seus membros realizavam reuniões em tabernas e estalagens, ou, às vezes, em casas de café, onde encontravam disponíveis, prontamente, tragos e petiscos. As lojas que realizavam suas reuniões nessas tabernas, recebiam, logo, denominações das tabernas, após a primeira reunião, a exemplo da Globe Lodge n o 23, por se reunir na Taberna Globo. A primeira Grande Loja se reuniu em uma taberna chamada O Ganso e a Grelha (The Goose and the Gridiron), perto da Catedral de São Paulo (St. Paul’s Cathedral), possivelmente, atraídos pelos encantos aclamados da garçonete Hannah.

A pequenez das salas, em muitos desses estabelecimentos, restringiam a quantidade de membros da loja maçônica, tal que, mais tarde, no século 18, os hotéis tomaram-se cada vez mais utilizados, pois, poderiam fornecer salas maiores, bem como, melhores instalações.

Os antigos maçons especulativos reuniam-se mais frequentemente do que fazemos hoje e, para eles, as refeições festivas não eram eventos separados da reunião maçônica em si. Algumas lojas chegaram mesmo a iniciar “irmãos servidores” apenas, para serem garçons ou músicos. Durante as reuniões, os irmãos comiam petiscos, bebiam tragos e fumavam; por isso, os aventais eram freqüentemente manchados ou danificados e a loja providenciava sua regular substituição.

Eles também cantavam, bebiam e brindavam, muitas vezes, acompanhados de muito barulho do Fogo Maçônico e das batidas dos pés. Quando realizavam as “Three Distinct Knocks” (“Três Batidas Distintas”), registradas em 1760, as pessoas sentadas abaixo de uma sala de reuniões, tinham, por vezes, medo de que o edifício seria sacudido sobre eles.

O Segundo Vigilante, chamando os Irmãos do trabalho para o descanso, para os tragos e os petiscos e, desta forma, tiveram um papel vital na consolidação da fraternidade. Não era e, não é, permitido discussões sobre política e sobre religião durante qualquer período da sessão, criando-se, assim, um espírito de tolerância que diferencia a Maçonaria da maioria das outras fraternidades. Quando a sessão estava concluída e, a loja maçônica, ritualisticamente fechada, muitas vezes, os Irmãos ficavam para a ceia (o ágape), continuando uma feliz diversão.

Os rituais de trabalho do grau eram muito menores do que os nossos de hoje. Em substituição, para a maioria das reuniões, os Irmãos sentavam ao redor de uma mesa, à luz de velas, ouvindo palestras e participando das preleções, com perguntas e respostas, para testar os conhecimentos maçônicos dos Irmãos.

As palestras foram não somente temas maçônicos, mas, abrangiam muitos temas eruditos e científicos. A Old Kings Arms Lodge realizou uma série de palestras, na década de 1730, incluindo a do Irmão Graeme sobre a fermentação de bebidas intoxicantes. A ata registra que os Irmãos ficaram “muito satisfeitos” com esta palestra especial e pediram ao Irmão Graeme para falar novamente, sobre o mesmo assunto, e foram atendidos.

Bebidas fortes eram comuns naqueles dias e arquivos de lojas relatam a compra de vinho, cerveja e bebidas destiladas, bem como açúcar, limão e noz moscada para fazer ponche. Contudo, em algumas lojas, o profano recém-iniciado devia pagar por toda a alimentação e bebida na noite da Iniciação.

Alguns maçons diziam que os laços de amizade somente seriam estreitados quando “molhados” e uma canção popular maçônica de 1778 era:

“Let every man take a glass in hand,

Drain bumpers to our Master Grand,

As long as he can sit or stand. ”

ou

“Que todo homem pegue um copo na mão,

Sorva um copo cheio para o nosso Grão Mestre,

Enquanto ele pode sentar ou repousar.”

Embora os maçons foram, provavelmente, um dos mais bem comportados elementos da sociedade, eles não têm regras rígidas para administrar a conduta e os limites da bebida em suas reuniões. Ainda hoje, as Antigas Obrigações e Regulamentos ensinam ao Mestre da Loja eleito, a se precaver contra a intemperança e os excessos em sua loja.

Típica dos primórdios, foram as regras dos Estatutos de 1760 da Lodge of Antiquity que determinava que qualquer Irmão que discutisse religião ou política, apostas, maldições, que estivesse “embriagado” ou que vaiasse um orador, seria multado.

Em 1736, uma loja reunida na Taberna Rummer Bristol multou seu Mestre da Loja em um shilling, por estar embriagado; até mesmo os visitantes poderiam ser multados. Em 1783, a Albion Lodge nº 9 multou um visitante em um shilling por blasfêmia, quando, então, ele desafiou o Mestre para um duelo. A loja foi fechada e o resultado não foi registrado.

Tal regimento interno e as multas nem sempre foram suficientes para controlar o excesso. A Mariners’ Lodge n° 576, fundada em 1799, tinha uma mesa lateral carregada de vinho e bebidas destiladas, em sua sala de reuniões e, por 6 pence, os membros poderiam tomar as bebidas que desejassem. Era uma loja muito alegre e logo entrou em dificuldades financeiras. Em 1822, essa loja foi extinta (abateu colunas), com algumas contas de tragos e petiscos em atraso por vários de seus membros. Porém, essa loja nos deixou um registro fascinante de sua história; mais um enquadramento punitivo maçônico singular que, além do simbolismo usual, também informava a boa cerveja que estava disponivel na (taberna).”Rose &Crown?.

Veja mais em http://omalhete.blogspot.com.br/2016/05/uma-breve-historia-das-refeicoes.html

 

 

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