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HomeTemplo de Estudos MaçônicosO SALMO 133 NA ABERTURA DOS TRABALHOS MAÇÔNICOS

O SALMO 133 NA ABERTURA DOS TRABALHOS MAÇÔNICOS

OH! QUÃO BOM E SUAVE É QUE OS IRMÃOS VIVAM EM UNIÃO. É COMO O ÓLEO PRECIOSO SOBRE A CABEÇA. QUE DESCE SOBRE A BARBA, A BARBA DE AARÃO, E QUE DESCE À ORLA DOS SEUS VESTIDOS. É COMO O ORVALHO DE HERMON QUE DESCE SOBRE SIAO; PORQUE ALI O SENHOR ORDENOU A BÊNÇAO E A VIDA PARA SEMPRE.

1. INTRODUÇÃO
Grande parte do cerimonial maçônico tem sua origem, nos ritos da antiguidade, adaptado às exigências modernas. Dos ritos antigos, a influência mais visível é da hebraica. Segundo Castelani, a Maçonaria moderna é considerada como a herdeira dos ritos, práticas e tradições hebraicas, a começar pelo Templo de Jerusalém, que é o arquétipo das Igrejas, e indiretamente dos Templos Maçônicos. Atribui-se a David a autoria Salmo 133 no qual ele exalta a beleza do fato dos irmãos estarem juntos, em harmonia. Deve ter sido escrito e cantado, ao som de um saltério, por ocasião da festa do Tabernáculo quando os israelitas subiam até Sião = Jerusalém para orarem no Templo. O Salmo 133 é uma eloquente descrição da beleza do amor fraternal, e por esta razão muito mais apropriado para ilustrar uma sociedade cuja existência depende daqueles nobres princípios. Farei uma breve descrição dos principais personagens descritos no Salmo 133 buscando também fazer uma singela interpretação do texto. Procurando extrair dele alguns ensinamentos. Para a consecução do objetivo me apoiei em várias fontes: a Bíblia Católica, livros, e vários sites da internet.
2. ABERTURA DA BÍBLIA: SALMO 133 A abertura do Livro Sagrado marca o início real dos trabalhos numa loja maçônica, pois o ato, embora simples, porém solene, é de grande importância, pois que simboliza a presença efetiva da palavra do Grande Arquiteto do Universo. Segundo Castelani, a leitura do salmo foi usada pela primeira vez, na metade do século XVIII, por algumas Lojas do Yorkshire, na Inglaterra, quando ainda nem havia um rito plenamente organizado. Em pouco tempo, esse hábito foi abandonado e, já a partir da adoção do rito Inglês de Emulation, (que indevidamente fala se em “de York”) abria-se a Bíblia em qualquer lugar, sem leitura de versículos. Todavia, esse hábito foi retomado por algumas Grandes Lojas norte-americanas, principalmente a de Nova York. Nos EUA, no simbolismo, só se pratica o rito de York, pois o REAA só é praticado nos Altos Graus. Da Grande Loja de Nova York, por cópia, o salmo foi introduzido no Brasil e em algumas outras Obediências da América do Sul, no REAA.

Neste, na verdade, tradicionalmente se abre o Livro em João e são lidos os versículos 1 a 5 do capítulo 1.
3. POR QUE AARÃO NO TEXTO DO SALMO 133 A genealogia de Aarão nos mostra que ele era bisneto de Levi, daí dizer-se que ele era da “casa de Levi”. Era irmão mais velho de Moisés e filho primogênito de Amrao e Jacobed. Ajudou Moisés a libertar o povo hebreu do cativeiro egípcio. Foi seu intérprete junto ao faraó do Egito e os anciãos de Israel. Foi o fundador do sacerdócio hebraico e por isso passou a ser o patriarca da classe sacerdotal. Seu nome significa “iluminado”,” elevado”, ou “sublime”. Após a libertação dos israelitas do jugo egípcio, (Ex.13,1-2) os primogênitos foram “eleitos” para o sacerdócio do senhor, tornando-se uma instituição definitiva que vai ser ratificada com a construção do Templo. (Ex.28.1-43). Os sacerdotes, pela sua posição de interlocutores da palavra de Deus, deveriam se distinguir dos demais israelitas. Aliás, Aarão e seus irmãos já eram distinguidos, pois pertenciam à casa de Levi, a quem fora outorgado pelo Senhor a missão de daí saírem os seus sacerdotes. 4. AS VESTES DE AARÃO As vestes sacerdotais deveriam refletir a dignidade da função. Em Ex: 28-4. o Senhor disse a Moisés: “Farás a teu irmão Aarão vestes sagradas em sinal de dignidade, de ornato… de sorte que ele seja consagrado ao meu sacerdócio. Eis as vestes que deverão fazer: um peitoral, um efod, um manto, uma túnica bordada, uma mitra, um cinto deverão usar fios de lá azul púrpura e vermelha, fios de ouro de linho puro…farás também o peitoral. E encheras de pedras de engate … e serão aquelas pedras os nomes das doze tribos de Israel.” Na sequência dos versículos, até o número 29 temos todo o detalhamento destas vestes, não só de Aarão, mas também dos seus irmãos. Deve-se ressaltar que estas vestes deveriam ser usadas todas as vezes que chegassem perto do altar para servirem como sacerdotes, a fim de não incorrerem em falta e de não morrerem.
5. O ÓLEO DA UNÇÃO A Bíblia sempre fala do óleo da unção usado nas cerimônias de consagração dos sacerdotes. É o que encontramos em Ex:28.14 e 29: “… e os ungirás, investindo-os e consagrando-os para que me sirvam como sacerdotes.’” …tomarás o óleo da unção e o ungirás derramando sobre sua cabeça.”. O Salmo 133, ora analisado temos:“..é como o óleo precioso sobre a cabeça ,que desce à orla dos seus vestidos”. Surge então a pergunta: que óleo era este? Qual sua composição? A própria Bíblia não nos explica inclusive com a sua quantidade, em Ex: 30.22-33: “O senhor disse a Moisés, escolhe os mais preciosos aromas: 500 ciclos de mirra…250 ciclos de junco odorífero ,500 ciclos de cássia e um hin de azeite de oliveira. Será este o óleo para a sagrada unção. Este será para mim, o óleo da unção sagrada, de geração em geração.”
6. MONTE HERMON Ao norte de Israel (Palestina) existe a cordilheira antilhana (de Antilíbano, uma das suas montanhas) em contraposição a Libana no território do Líbano. Nesta cordilheira se encontra o Monte Líbano, famoso por seus cedros, nas suas encostas. Esta cadeia se desenvolve do nordeste ao sudeste por vários quilômetros e suas extensões e alturas são vistas a partir do mar Mediterrâneo.

Dentro desta cordilheira, fazendo divisa entre Israel, Líbano e a Síria encontram-se o Monte Hermon com seus 2.814 metros de altura e seu cume sempre nevado. O Monte Hermon, pelo seu fornecimento de madeira para a construção de navios, pelo seu caráter sagrado, pelo seu orvalho que descia sobre toda a Palestina irrigando suas terras, era, sem dúvida na antiguidade, a mais famosa e importante montanha da região.
Devido à altura, as correntes de ar procedentes da sua cordilheira levam a névoa para toda a região (inclusive Sião), condensando-se ali, sob a forma de orvalho. Por outro lado, o degelo da sua neve é a principal fonte alimentadora do rio Jordão e, por extensão, do lago da Galileia e de toda a região da Palestina.
7. O MONTE SIÃO Geograficamente o monte Sião é uma elevação, de cerca de 800 metros, entre os vales de Cedron e de Tyropocon a qual segundo a Bíblia, David tomou dos Jebuseus, mais ou menos em 1000 a.C. Após a vitória passou a ser chamada de Cidade de David porque para ali David se mudou saindo da cidade de Hebron levando consigo a Arca da Aliança. Sião ou Sion passou a ser o nome simbólico de Jerusalém, da Terra prometida, da cidade de Davi. Deriva de Sion a palavra Sionismo. Movimento político e religioso judaico iniciado no séc. XIX, que visava ao restabelecimento, na Palestina, de um Estado judaico, e que se tornou vitorioso em maio de 1948, quando foi proclamado o Estado de Israel.
8. SINGELA INTERPRETAÇÃO DO SALMO 133 8.1. “OH! QUÃO BOM E SUAVE É QUE OS IRMÃOS VIVAM EM UNIÃO” Esta primeira frase é o canto de David pela confraternização dos romeiros, que passam o dia reunido na grande esplanada do Templo. Gente de toda Israel, que mal se conhece, vinda de todas as regiões, ali se congregam como irmãos e irmãs, como membros de uma grande família, de uma mesma nação, que vive sob a alegria profunda de adorarem um só Deus: Javé. 8.2. “É COMO O ÓLEO PRECIOSO SOBRE A CABEÇA E QUE DESCE À ORLA DOS SEUS VESTIDOS” …” Este óleo era um perfume à base de mirra e oliva usado unicamente para ungir os reis e sacerdotes, pelo que se depreende da leitura de Ex.28.15. Na tradução da Bíblia Vulgata, entenda-se por cabeça, o ouvido, a visão, o paladar, o olfato, as mãos, o tato. Logo, a fronte, a cabeça, também significa os cinco sentidos, e o óleo derramado, a purificação dos mesmos. Ir.Minoru Tamura da ARLS Ferraz de Vasconcelos, Oriente de São Paulo, referindo-se a este verso, escreve: “A cena apresentada pelo salmista na unção de AARÃO, encerra uma simbologia majestosa. A cabeça é o emblema, o centro vital da existência; a barba é o emblema da honra, pois na antiguidade, sempre expressou honradez e probidade, principalmente no Oriente, por razões das velhas tradições; as vestes são o emblema da honestidade e pudor e de especial significado litúrgico e ritualístico.” 8.3. É COMO O ORVALHO DE HERMON QUE DESCE SOBRE SIÃO PORQUE ALI O SENHOR ORDENA A BENÇAO E A VIDA PARA SEMPRE “ O fato dos romeiros estarem ali reunidos fazia com que a benção descesse para todos. Isto para David é algo concreto. Manifesta-se na natureza, no óleo, no orvalho, nas chuvas, nas águas do Rio Jordão que irriga a terra e a torna fértil tornando possível a posse da Terra Prometida. David emprega uma linguagem prática para mostrar que Sião é o centro religioso de Israel, pois ali o Senhor havia escolhido para Sua morada.

9. CONCLUSÃO O objetivo desta peça de arquitetura foi uma tentativa de analisar, dentro de um contexto histórico, as figuras de David e de Aarão e suas importâncias dentro da formação religiosa do povo hebreu, a partir do Salmo 133. Desta maneira, o orvalho que descia do monte Hermon acabava por contemplar todos os montes em redor, característica que tornou possível o salmista David utilizá-lo como comparativo a união. Temos dois elementos: o óleo da unção que, após derramado sobre o sacerdote, abrangia o seu corpo e vestes, e o orvalho do monte Hermon, que se expandia sobre os montes em redor (v. 2 e 3 a). E, aqueles que receberam a bênção e a vida para sempre do Senhor que veio de Sião são os que vivem em união (Sl 133:1 e 3). Finalizando: Fiz uma abordagem da localização geográfica dos Montes Hermon e Sião e a inclusão dos mesmos no contexto histórico ora analisado. O Salmo 133 é conhecido como o Salmo da Fraternidade. A vivência desta belíssima exortação deve ser a base da nossa conduta, o sustentáculo da sociedade, não só maçônica, mas profana. Cristo, Deus feito Homem para os cristãos, Javé para os Judeus, Alá para os muçulmanos ou GADU, como nós maçons costumamos denomina-lo deixou uma mensagem muito clara: resumiu praticamente os dez mandamentos da Lei mosaica em apenas um mandamento: ”Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”.
10.Bibliografia 1. Bíblia Sagrada 2. CASTELANI, Jose. A Maçonaria e sua Herança Hebraica, Maringá,Trolha,1993. 3. Internet – Sites: www.salmo133.org www.uol.com.br
www. Estudos Bíblicos.

 

Fonte: JB News

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