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O ofício de Venerável Mestre

Em regra anualmente, as Lojas maçónicas elegem um dos Mestres do seu Quadro para assumir a função de Venerável Mestre.
O Venerável Mestre tem a incumbência de dirigir administrativamente a Loja, com o auxílio, designadamente, do Secretário, do Tesoureiro, do Arquivista e do Orador (este com a expressa função de dirimir e/ou tentar fazer com que se ultrapassem eventuais litígios e de instruir qualquer procedimento disciplinar que porventura se mostre necessário). Deve também providenciar pela adequada instrução e formação dos Aprendizes e Companheiros da Loja, a daqueles sob a direção do Segundo Vigilante, a destes mediante a coordenação do Primeiro Vigilante. Deve ainda assegurar a adequada e correta execução do ritual praticado pela Loja, contando, para isso, com o especial contributo do Mestre de Cerimónias, do Experto e do Guarda Interno. Deve mais garantir que, quando se justifique, a solidariedade da Loja perante qualquer dos seus obreiros seja efetiva e atempadamente praticada e que o dever social da Loja de auxílio, na medida das suas possibilidades, a quem disso necessita, ou a instituições que o assegurem, não seja descurado, contando, para isso, com a indispensável colaboração do Hospitaleiro. Deve igualmente zelar pelo bom ambiente, paz, tranquilidade e concentração da Loja enquanto em sessão, em muito sendo, para tal, auxiliado nisso pelas oportunas intervenções da Coluna da Harmonia e pelas acertadas escolhas e seleções de trechos musicais efetuadas pelo Mestre da Harmonia, também designado por Organista. Deve, em acréscimo, assegurar as iniciativas especiais ou extraordinárias da Loja, podendo, para isso, contar com o auxílio de um Oficial encarregado de preparar cada uma dessas iniciativas, o Porta-Estandarte. Deve, finalmente, coordenar toda a atividade da Loja, e do seu Quadro de Oficiais, dirigir as sessões da Loja e representá-la na Grande Loja.
Para tudo isso, que não é pouco (e a dimensão do parágrafo anterior ilustra-o bem…), conta com o auxílio, o conselho e a experiência, recente, do Ex-Venerável e, principalmente, com a colaboração e o empenho de todos os obreiros da Loja. O sucesso de um Veneralato depende, claro, da capacidade de organização, gestão e coordenação do Venerável Mestre, mas essencial e inevitavelmente da resposta, da dedicação, do compromisso de cada um dos obreiros da Loja e do conjunto dela. Pode uma Loja suprir razoavelmente uma eventual menor qualidade de desempenho de um Venerável; mas o melhor, mais qualificado, mais empenhado, mais imaginativo, mais bem preparado, mais bem organizado Venerável do mundo nada conseguirá fazer de jeito sem o contributo, o respaldo, o empenhamento de toda a Loja.
A função de Venerável Mestre é complexa e exigente. Ele tem de, qual maestro, dirigir e coordenar toda uma equipa e motivar toda uma Oficina, para que seja possível ter um gratificante ano de trabalho. Mas há um aspeto dessa função em que o coletivo pouco releva: quando há que decidir! Decidir é responsabilidade exclusiva e solitária do Venerável Mestre. Para o bem e para o mal, é para isso também que os seus pares lhe confiaram o ofício. Na hora da decisão, não há democracia, não há maiorias. O Venerável Mestre tem o encargo de, sempre que for necessário decidir, tomar a melhor decisão possível, em face dos elementos de que dispõe. E a melhor decisão possível pode muito bem não ser a que teve a preferência expressa de uma conjuntural maioria. Por exemplo, não poucas vezes – arrisco dizê-lo – a melhor decisão possível é um misto da preferência da maioria com algo dos contributos de uma ou mais minorias…
Preparar, coordenar, decidir, motivar, fazer, propiciar que seja feito e tentar errar o menos possível: essas a tarefa e a função cometidas ao Venerável Mestre. É por isso que costumo dizer que ser Venerável Mestre equivale a ter duas alegrias: uma, de satisfação pela confiança em si depositada, quando é eleito para o ofício; a outra, de alívio, quando passa o malhete ao seu sucessor!
A responsabilidade do ofício de Venerável Mestre é evidentemente grande. Por isso mesmo, deve ser exercida por um período não muito longo (um ano é, para mim, o período ideal) e, sobretudo, deve a Loja estar organizada de forma a possibilitar que seja exercida, sucessivamente, pelo maior número possível de Mestres do seu Quadro. Porque a responsabilidade é grande, mas não é exclusiva de “iluminados”. Porque o essencial princípio da Igualdade implica que todos os Mestres têm potencialmente capacidade para exercer tal ofício. Porque, sendo a responsabilidade grande, há muitas formas de a cumprir e cada Venerável Mestre inevitavelmente que a assegurará à sua maneira e deixando a sua pessoal marca. E, ao longo do tempo, a assunção da mesma grande responsabilidade com a diversidade resultante das diferentes caraterísticas pessoais dos sucessivos Veneráveis é uma rica lição para todos os obreiros da Loja.
O exercício do ofício de Venerável Mestre, pela sua complexidade e exigência, é fator de evolução, de crescimento, de melhoria, de quem o exerce. Por isso também deve o ofício ser exercido pela maior quantidade de obreiros possível. Afinal de contas, o principal objetivo da Maçonaria é o aperfeiçoamento dos seus obreiros…
Rui Bandeira
Fonte: https://a-partir-pedra.blogspot.com.br/2017/09/o-oficio-de-veneravel-mestre.html
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