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A NECESSIDADE DE OBREIROS PARA A MAÇONARIA

Segundo o Ir. Hércule Spoladore, há 3 maçonarias, ou 3 fases da Maçonaria Universal distintas entre si sob alguns aspectos e ou completamente indefinidas sobre outros: Pré-história da Maçonaria (período de estruturação das guildas medievais), Maçonaria Operativa (período das construções) e Maçonaria Especulativa (ou Contemporânea ou Moderna – iniciada em 24 Jun 1717 com a fundação da Grande Loja de Londres) que não tem nada ver com as anteriores, somente utilizando alguns sinais e alguns princípios.
Após o declínio do Império Romano, os nobres romanos afastaram-se das antigas cidades e levaram consigo camponeses para proteção mútua e proteção contra os bárbaros do interior da Europa, dando início ao sistema de produção baseado na contratação servil Nobre-Povo – Feudalismo (VAROLI FILHO, 1976).
Ao se fixar em novas terras, os nobres necessitavam de castelos para sua habitação e fortificações para proteger o feudo. Como a arte de construção não era nobre, deveria advir do povo, e como as atividades agropecuária e de construção não guardavam nenhuma relação, uma nova classe surgiu: Os construtores, herdeiros das técnicas romanas e gregas de construção civil. Outras companhias se formaram: artesão, ferreiro, marceneiros, tecelões enfim, toda a necessidade do feudo era lá produzida. A maioria das guildas limitavam-se às fronteiras do feudo.
Já as guildas dos pedreiros necessitavam mover-se para a construção das estradas e das novas fortificações. Os demais membros do povo não tinham o direito de ir e vir, direito este que hoje temos e nos é tão cabal. Os segredos da construção eram guardados com incomensurável zelo, visto que, se caísse em domínio público às regalias concedidas à categoria, cessariam. Também não havia interessem em popularizar a profissão de pedreiro, uma vez que o sistema feudal exigia a atividade agropecuária dos vassalos.
Na Maçonaria Operativa, àquela oriunda das guildas medievais e corporações de ofício, os obreiros se reuniam e se uniam para poderem executar as obras pelas quais recebiam um pagamento. Nesta época havia o interesse dos obreiros guardarem os segredos das construções, que lhes proporcionava poder, principalmente o de ir e vir pela Europa, sem obedecer a nenhum governo, sem ter que pagar impostos a ninguém. Por outro lado, havia o interesse dos senhores feudais em não
4 – A necessidade de obreiros para a maçonaria perderem vassalos para a corporação dos construtores, o que provocaria a diminuição de trabalhadores, bem como a quantidade do que era produzido e as riquezas do feudo.
O aumento do número de maçons destes grupos, acontecia através de uma seleção dentre os membros da sociedade local. O candidato precisava reunir características específicas para ser selecionado, por exemplo: não possuir defeitos físicos e possuir idade mínima (provavelmente associado ao desenvolvimento corpóreo no máximo do vigor físico, algo em torno de 18 a 20 anos, mas também podia ser antes disso, uma vez que nessa época a expectativa de vida na Europa era por volta de 35 anos). Os demais conhecimentos que o maçom deveria possuir seria aprendido no decorrer de sua vida participando das construções.
Os candidatos selecionados passavam por um recebimento onde era lhes passado algumas orientações de como ser reconhecido (provavelmente sem nada de secreto ainda), regras daquele grupo e como se relacionar com os outros membros que ainda não se chamava loja. Existe na Prefeitura de Londres um documento emitido por Henry Yevelle, datado de 02 de fevereiro de 1356, solicitando autorização para que ele e mais onze companheiros (freemasons e freestones) pudessem realizar suas reuniões em recinto fechado. Apesar de não ser mencionado a existência de segredos, o fato de solicitarem autorização para reunião fechada sugere a intenção de impedir que outras pessoas, fora daquele grupo de trabalho, tivessem acesso ao que era conversado. Pode-se considerar que este é o primeiro registro histórico de uma loja maçônica.
No manuscrito de Harlein n. 2054 do ano de 1650, já continha uma forma de juramento ou compromisso e ainda cita algumas palavras e sinais dos Pedreiros Livres, indicando já algum segredo. O manuscrito não dá maiores detalhes.
Por haver poucos documentos que possam dar embasamento fidedigno das informações, a maioria dessas conclusões são muito mais especulações do que informações baseadas em fontes primárias. Mas nos servem para ter uma ideia do que era a Maçonaria da época.
Na Maçonaria Especulativa, que se considera como data inicial a de 24 de Junho de 1717, com a fundação da Grande Loja Unida de Londres, ocorreu a iniciação de homens sem o envolvimento com a arte da construção.
Apesar de tentarmos dar uma data para o início dessa nova fase da Maçonaria Universal, a transição entre operativa e especulativa foi gradual. Por volta do ano de 1670, já havia a necessidade da diferenciação dos sinais para identificar os aprendizes juniores dos seniores, sendo que estes possuíam alguns privilégios sobre os aprendizes recém-recebidos. Os aprendizes juniores tomavam assento na coluna do Norte (onde simbolicamente não entra luz) e os aprendizes seniores se assentavam na coluna do Sul, além de terem funções diferentes no grêmio.
Existe uma ata da Loja Saint-Mary Chapell (Capela de Santa Maria) – Edinburgo – Escócia, onde está registrado que no dia 08 de junho de 1600 foi feita a recepção de um fazendeiro com grandes propriedades, de nome John Boswell d`Auchinteck. Também se tem provas de que Sir Robert Murray foi recebido em Newcastle em 1641, e de que o antiquário londrino Elias Ashmole, e de Henry Maynwaring de Warrington foram recebidos em 16 de outubro de 1646. A partir desta época as incorporações de não operativos se sucederam rapidamente em muitas lojas.
A Maçonaria passava por inúmeras mudanças, perdendo espaço dentro das sociedades, pela queda abrupta da necessidade de grandes construções ficando uma enorme quantidade de maçons sem poderem atuar. A recepção de pessoas da comunidade foi uma alternativa encontrada para poder voltar a ter influência na sociedade (organização de uma classe trabalhadora, quase sindical). Para isso os novos iniciados deveriam ser pessoas muito bem escolhidas, que pudessem absorver os conhecimentos, agora não mais de maneira técnica e operativa, mas sim de uma maneira mais subjetiva e esotérica.
As sessões na maioria das vezes eram feitas em tavernas, e os símbolos desenhados no chão, com giz, ou outros materiais, para depois serem apagados não deixando vestígios do que havia acontecido ali. Mas alguns relatos citam a existência de um certo ritual no recebimento de novos iniciados. Porém ao se encerrar a sessão todos iam para suas casas, seguindo seus afazeres particulares.
A Maçonaria Contemporânea ou Moderna, que não podemos precisar bem a data de início, fez com que a Maçonaria passasse a ter uma função social muito maior, levando seus princípios para dentro das sociedades, influenciando decisões políticas e ações governamentais de maneira muito forte.
A recepção de um novo membro passou a ser um evento social, inclusive em algumas épocas, da notícia ser publicada em jornal de circulação local, relatando o nome da loja, o nome do venerável, a data de entrada e o nome dos novos membros. Hoje através dos meios eletrônicos as informações circulam muito rapidamente e ficam disponíveis para o mundo todo, inclusive sobre iniciação, conforme o exemplo.
A sessão passou a ter rigores ritualísticos, com a incorporação de eventos que foram trazidos de outras associações e até de religiões. Em alguns ritos passou a ser incorporado viagens no processo iniciático fazendo com que o candidato fizesse uma introspecção do por quê estar ali e ser iniciado.
Os jantares após a sessão ganharam ares de grandes festas, e as vezes com muitos exageros, por parte de todos. Se a Maçonaria é filantrópica, porque não reverter estes gastos com jantares fabulosos para causas sociais mais significativas
Diante deste panorama pergunto: A maçonaria perdeu a essência no recebimento de um novo membro Ou os seus membros esqueceram a real importância das iniciações
O Século XXI será o século de grandes revoluções sociais. E o que nós maçons estamos fazendo para nos tornarmos influentes a ponto de prospectarmos nossos princípios de liberdade, igualdade e fraternidade dentro das sociedades
Penso que podemos ter algumas alternativas.
Cada loja maçônica, poderá ter uma iniciação a cada semestre, de preferência no início do semestre, para que o iniciado possa frequentar aquele semestre todo antes da loja entrar em recesso, principalmente no fim do ano. O quadro de obreiros de uma loja deve estar em constante aumento. Ou pelo menos renovação. Os tempos mudaram. Aquele sistema onde um irmão era iniciado em uma loja e permanecia a vida toda nessa loja está sofrendo mudanças. Ou talvez exista nas pequenas cidades, mas nas capitais e cidades maiores onde a migração populacional é maior as mudanças de lojas são mais comuns. Se fossemos estabelecer parâmetros estatísticos de controle sobre entrada e evasão de irmãos das lojas poderíamos ter uma melhor noção de quanto oscila o número de irmãos. Mesmo que o número de irmãos da loja não aumente, o fato de iniciarmos novos irmãos haverá mudanças internas com os novos iniciados, pessoas novas, diferentes e que poderão indicar outros candidatos.
Mas precisa se estabelecer alguns parâmetros, como nossos antecipados fizeram, para a escolha de possíveis candidatos, em relação à idade, estado civil, profissão, influencia pública ou política, ter ou não ter filhos, relação de amizades com irmãos do quadro, participação em reuniões sociais, nível de entendimento da cunhada a respeito do que é maçonaria, ter algum entendimento esotérico, entre tantos outros. Isso será definido pela loja como um todo. Os obreiros da loja deverão se reunir e estabelecer os critérios adotados e o grau de relevância a ser dado a cada um. Isso poderá parecer que o processo de iniciação seria feito dentro de regras rígidas, mas o intuito não é esse. O objetivo é que se abra a discussão em loja para saber a opinião dos irmãos. As opiniões podem ser adotadas como regras, ou podem ser somente quesitos a serem levados em consideração dentro do contexto geral da indicação.
O fator idade pode ser importante. Há lojas que só aceitam irmãos depois dos 40 anos. Há outras que aceitam com 18 anos, desde que o jovem tenha sido DeMolay. Qual estratégia deverá ser adotada Também deve ser discutido pela loja. Ao ser indicados candidatos mais velhos pode se ter uma perspectiva de que sua vida está estabilizada e com isso a possibilidade de frequentar as sessões seja maior. Mas por outro lado, este já possui compromissos profissionais e pessoais que as vezes o impedem de estar presente às sessões. E com o acompanhamento estatístico das frequências este irmão iria atrapalhar o desempenho da loja.
Um outro aspecto importante de ser avaliado é o entendimento do irmão em relação ao esoterismo. Muitos ritos buscam dar um ar quase religioso às sessões. Devemos lembrar que há os ritos teístas, outros deístas e outros até agnósticos. Quando se faz a sindicância do profano deve ser dado especial atenção a este quesito. Pois isto poderá fazer com que o iniciado se identifique com o ritual, além do convívio com os irmãos. Se o rito pode preencher algumas dúvidas de seu questionamento existencial há uma grande chance deste irmão permanecer na Ordem até que suas forças permitam dele frequentar. Atualmente, há por parte de algumas potências maçônicas, uma busca incessante pelo aprimoramento do maçom, através de programas educacionais muito bem trabalhados e estruturados, com assuntos diversos sobre história da maçonaria, ritualística, estrutura organizacional, simbolismo maçônico, etc que auxiliam as lojas a organizarem suas sessões. Porém, devemos ter cuidado na estruturação destas instruções, pois não podemos, digo, não devemos, usar os princípios da pedagogia nas preparações das instruções. A pedagogia é a ciência que trata da educação dos jovens e os problemas relacionados com o seu desenvolvimento. Em loja, na maioria das vezes, temos irmãos de meia idade, o que faz com que seu desenvolvimento mental seja tal que não pode mais se utilizar os princípios de pedagogia. Devemos sim usar os princípios da andragogia, que é a ciência que estuda as melhores práticas para orientar adultos a aprender. É preciso considerar que a experiência é a fonte mais rica para a aprendizagem de adultos. “Andragogia é a arte de causar o entendimento.” – Franklin Wave Estes são motivados a aprender conforme vivenciam necessidades e interesses que a aprendizagem satisfará em sua vida. O modelo andragógico baseia-se nos princípios: 1. Necessidade de saber: adultos precisam saber por que precisam aprender algo e qual o ganho que terão no processo. 2. Autoconceito do aprendiz: adultos são responsáveis por suas decisões e por sua vida, portanto querem ser vistos e tratados pelos outros como capazes de se autodirigir. 3. Papel das experiências: para o adulto suas experiências são a base de seu aprendizado. As técnicas que aproveitam essa amplitude de diferenças individuais serão mais eficazes. 4. Prontidão para aprender: o adulto fica disposto a aprender quando a ocasião exige algum tipo de aprendizagem relacionado a situações reais de seu dia-a-dia. 5. Orientação para aprendizagem: o adulto aprende melhor quando os conceitos apresentados estão contextualizados para alguma aplicação e utilidade. 6. Motivação: adultos são mais motivados a aprender por valores intrínsecos: autoestima, qualidade de vida, desenvolvimento.
Um outro aspecto relevante a ser tratado para a entrada de novos irmãso para os quadros das lojas é se utilizar os princípios de Planejamento Estratégico das Loja. Definir claramente qual o objetivo da loja e as ferramentas a serem utilizadas para se atingir estes objetivos. Para alguns irmãos, participarem de grupos onde não estão bem definidos os objetivos, pode provocar desinteresse a ponto de fazê-lo desistir de frequentar as sessões.
• Conclusão:
“A Maçonaria precisa de obreiros sim, cada vez mais e melhores”
“Cada loja deverá buscar o ponto de equilíbrio entre iniciações, elevações, exaltações e evasões de irmãos”
“Questionar o porque desta relação e que mudanças podem ser feitas no comportamento de cada um para que o todo fique melhor”
Referências Bibliográficas
Spoladore, Hércule. O Homem , O maçon e a Ordem. Ed. A Trolha. 2005
VAROLI FILHO, Theobaldo. “Curso de Maçonaria Simbólica”. 1º Tomo (Aprendiz). São Paulo: “A Gazeta Maçônica”, 1976
VAROLI FILHO, Theobaldo. “Curso de Maçonaria Simbólica”. 2º Tomo (Companheiro). São Paulo: “A Gazeta Maçônica”, 1976
VAROLI FILHO, Theobaldo. “Curso de Maçonaria Simbólica”. 3º Tomo (Mestre). São Paulo: “A Gazeta Maçônica”, 1976
https://pt.wikipedia.org/wiki/Andragogia acessado em 08 de novembro de 2015 às 01 00h.

 

Fonte: JB News

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