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FUNDAMENTOS DO SALMO 133 (132)

Anestor Porfírio da Silva
M.I. e membro ativo da Loja Adelino Ferreira Machado
Hidrolândia – GO.
Conselheiro do Grande Oriente do Brasil/Goiás
anestorporfirio@gmail.com
O salmo 133 (132) faz parte dos registros do Antigo Testamento e acha-se inserido nos Cinco Livros do Pentateuco, em Êxodos, mais precisamente.
Foi escrito pelo profeta Davi e nele o autor cita: a) a união fraternal; b) o óleo purificador (que era usado nas cerimônias de unções e consagrações religiosas); c) um personagem bíblico de nome Arão e; d) os montes Hermon e Sião.
Com certeza, este é um dos salmos de mais expressiva valia para os maçons porque, ao lê-lo, nos sentimos induzidos a um estado de paz, de união, de amor fraterno, de concórdia, de bondade e de sinceridade. Entretanto, para melhor entendê-lo, necessário se torna conhecer a origem e os fundamentos considerados por Davi na sua elaboração.
Mas, quem foi DAVI?
Este homem foi um dos maiores vultos do Antigo Testamento porque, antes de se converter à idéia da crença em um Ente Superior, conseguiu se destacar, tanto pelo lado do bem quanto pelo lado do mal. Também porque, segundo o Livro Sagrado, foi em Davi que Deus confiou a sua vontade por causa da fé irremovível que o citado profeta passou a ter no grande poder do Criador e por ter tido a coragem de reconhecer seus erros e destes sempre se redimir pelo perdão divino que lhe era concedido. Segundo os próprios relatos bíblicos, suas confissões eram de coração e seu arrependimento, verdadeiro.
Pelo caminho do erro, Davi, desafiando a sua própria crença religiosa, cometeu adultério com Betsabá, esposa do soldado Urias e ainda planejou o assassinato deste. Desobedeceu a Deus ao realizar a contagem do povo de Israel e foi conivente com os filhos quando estes incorriam em pecados.

A mãe de Davi é desconhecida. Sabe-se apenas que era uma mulher de boa aparência, de cabelos ruivos e que teve dez filhos, dos quais, oito foram com Jessé, pai de Davi.
A vida de Davi é particularmente importante para todas as religiões cristãs uma vez que admitem sua vinda como o escolhido de Deus para cumprir missão Divina (Atos 13,22).
Seu nome, em hebraico, significa pessoa querida, amada. Para os judeus, Davi (ou Melekh David) é o Rei Davi, o Rei de Israel e do povo judaico. Para os Cristãos, Davi é o ancestral de José, pai adotivo de Jesus e no islamismo, Davi é conhecido como Daud, nome que corresponde à expressão “profeta e rei de uma nação.”
Davi era profeta e como tal portador de dons especiais. Na adolescência, foi pastor das ovelhas de seu pai. Mas, além de pastor, foi músico, poeta, e na guerra entre israelitas e filisteus foi obrigado a enfrentar Golias, um gigante destemido cujo porte físico causava espanto e medo o que, apesar de tudo, não o impediu de vencê-lo (I Samuel 17-58) e, por fim, rei.
Como poeta é autor de setenta e três salmos bíblicos.
Como rei, foi o maior da história de Israel. Seu reinado expandiu os territórios sobre os quais governou, onde fez crescer a prosperidade como fruto das grandes conquistas nas batalhas que enfrentou. Depois de oitenta anos de reinado, incluindo Hebron, Jerusalém e Israel, Davi morreu numa boa velhice, cheio de dias, riquezas e honras (1 Crônicas 29, 26).
Resultados de algumas pesquisas arqueológicas a respeito do ano da morte de Davi e do lugar onde o mesmo teria sido enterrado dão-nos conta de que o local de seu nascimento foi mesmo em uma residência no grande aglomerado de Belém e sua morte em Jerusalém, após esta cidade ter sido capturada dos jebuseus e se transformado na capital do reino de Israel. Para o arqueólogo Edwin Thiele, Davi teria nascido por volta do ano de 1.040 a.C. e falecido em 970 a.C..
União Fraternal – Naquele tempo havia um profeta e professor da Igreja de Antioquia, oriundo de Chipre, sua terra natal, onde possuía vasta área de terras rurais. Seu nome era Barnabé, um homem bom, segundo Lucas. Em Antiokia (hoje no território turco com o nome de Antakia), Barnabé se converteu ao cristianismo, tendo vendido as terras que possuía, doando o dinheiro para a igreja de Jerusalém a fim de que esta pudesse combater a grande fome que viria, em breve, castigar toda a terra, segundo premeditação do profeta Ágabo (Atos 11,28-30).
Não muito distante de Antioquia, existia na cidade de Tarso, outro homem de nome Saulo, o qual, após converter-se ao caminho do bem e ter seu nome mudado para Paulo, acabaria por construir considerável parte da história bíblica como autor dos textos: Atos dos Apóstolos, Romanos, 2 Coríntios, Gálatas e Filipenses.
Ao tomar conhecimento da existência de Paulo, em Tarso, onde este vivia, Barnabé foi até lá para encontrar-se com ele tendo por finalidade levá-lo a Antiokia para atuarem juntos em viagens missionárias.
Tendo aceitado os planos de Barnabé, Paulo deixou sua cidade natal e foi morar em Antiokia, onde passaram a trabalhar juntos em diversas viagens missionárias nas regiões circunvizinhas a Antiokia e Jerusalém, tendo sido Barnabé o responsável pela introdução de Paulo aos apóstolos.
Eles trabalharam juntos por vários anos disso decorrendo estreita amizade que se consolidou como verdadeira união fraternal até que, certo dia, tendo retornado para Antiokia e passado algum tempo lá, Paulo pediu a Barnabé para acompanhá-lo em outra viagem. Barnabé quis levar João Marcos, mas Paulo não concordou (Atos 15, 36-38).
De tal discórdia gerou uma contenda, uma discussão de poucas palavras, mas um tanto ríspida, que acabou por eliminar o diálogo entre ambos e fazer com que se separassem formando dois grupos. Isto os deprimiu bastante, mas nenhum teve a humildade para se retratar e pedir perdão.
Contudo, apesar de se apartarem um do outro, não se tornaram inimigos nem deixaram seus propósitos de lado. Continuaram vivendo em união na fé em um mesmo Deus, empreendendo viagens missionárias com os mesmos objetivos, embora por rumos diferentes. Algumas vezes, eles e seus respectivos grupos eram tratados como deuses quando curavam. Mas, em outras ocasiões, quando suas pregações ofendiam judeus tradicionais e povos de outras crenças religiosas, eram apedrejados e expulsos das cidades.
Após um longo tempo de separação, eis que seus caminhos os levaram a se encontrarem e isto se deu casualmente na cidade de Jerusalém. No momento em que se cumprimentavam um teria dito ao outro: “Como é bom continuarmos vivendo em união!”
O que de fato os evangelhos nos narram como acontecido entre esses dois grandes vultos da história bíblica, deixa claro que não são as discórdias sobre questões materiais ou decorrentes do relacionamento humano que nos afastam uns dos outros, que quebram o sentimento fraternal entre os homens, que destroem a união se, mesmo contendendo, continuarmos caminhando na mesma direção, com fé, à busca do mesmo ideal, com os mesmos objetivos e com a mesma intenção, pois a perseverança, nestes casos, é, sem sombra de dúvidas, prova viva de reconciliação (II Coríntios 5,18-20).
O ano de nascimento de Barnabé é desconhecido, assim como o de sua morte também.
O que se sabe é que ele morreu apedrejado por judeus no momento em que pregava o evangelho em uma sinagoga, num lugar que não se pode dar como certo, se na Síria ou em Salamina, hoje, pertencente ao território do Chipre. Seu corpo foi enterrado em uma caverna onde permaneceu até a época do imperador Zenão (ano 485 d.C.). Anos depois, seus restos mortais foram levados para o mosteiro construído em seu nome, em Salamina, onde se encontram até hoje.
Paulo, por sua vez, nasceu em Tarso, Região da Cicília, na Turquia, numa data desconhecida, entre o primeiro e o décimo ano da nossa era. Morreu decapitado, em Roma, no ano 67 d.C., após ter sido condenado. Seus restos mortais se encontram na Basílica de São Paulo Extramuros, em Roma, segundo afirma o Vaticano.
Abraão – Este homem não faz parte das alegorias do Salmo 133(132), mas é aqui lembrado porque foi de sua descendência que se originou Arão. Seu vulto aparece na história bíblica logo após o dilúvio e a construção da Torre de Babel, em meio ao denso e profundo ensinamento a que se refere “Gênesis”, o livro das origens, como profeta hebreu e um dos principais personagens da mencionada narrativa sagrada.
Seu nascimento ocorreu aproximadamente dois mil anos a.C., na região da Caldéia, onde viveu, mais ou menos, metade de sua vida. Depois, mudou-se para a Palestina com sua numerosa família, com a intenção de lá viver até o fim de seus dias. Na Palestina, seus descendentes proliferaram por quatrocentos anos dando origem aos hebreus, aos quais seus líderes também se referiam como povo de Israel. Naquele território, os hebreus, povo humilde, viviam vagando de um lugar para outro, sem parada, até que decidiram migrar para o Egito, onde ocuparam as terras do delta do Nilo, uma das áreas mais férteis da região.

Arão – Para o fracasso dos hebreus, estes acabaram se tornando escravos dos egípcios. Foi nesse tempo que surgiu o profeta Araão, ou Arão, ou Arraron, citado no Salmo 133 (132). Segundo consta do Livro Sagrado, ele era filho de Anrão e Joquebede e irmão de Moisés e Miriã (ou Miriam). Arão foi membro destacado da tribo de Levi e uma de suas importantes realizações no campo religioso foi fundar a classe sacerdotal dos judeus e ser o seu primeiro sumo sacerdote.
Arão e o Óleo Precioso – Para libertar os judeus das mãos dos egípcios, Arão e Moisés tiveram que desempenhar papel religioso de alta relevância nas negociações com o faraó Akhenaton, rei do Egito ao tempo em que se deu o Êxodo dos judeus em direção à terra prometida (Canaã). Tal acontecimento, se verdadeiro, deveu-se à influência religiosa e à habilidade diplomática daqueles dois irmãos (Êxodo, Capítulos 1 a 13). Esta passagem da Bíblia Sagrada, em alguns trechos é tão sombria que os estudiosos chegam a se confundir, concluindo que Akhenaton e Moisés tratavam-se da mesma pessoa, mas o que mais nos interessa é saber que Arão, por ter sido o fundador da classe sacerdotal dos judeus, no Egito, foi o seu primeiro sumo sacerdote, cumprindo assim a palavra de Deus, conforme está escrito em Êxodo 40,12-15.
Para chegar ao posto de sumo sacerdote, Arão teve de ser consagrado e quem lhe ministrou esse sacramento foi seu irmão Moisés. No momento de sua unção ele se encontrava na Tenda de Reunião, trajado com vestes especiais que o distinguiam das demais pessoas. O ato consistiu no derramamento de óleo por todo o tabernáculo e depois sobre a cabeça de Arão. Dada a abundância do óleo derramado, este escorreu pelos seus longos cabelos e pelo seu rosto, alcançando toda a sua veste (Levítico 8,1-12), conforme descreve Davi no Salmo 133 (132). Esse óleo, tido como precioso, era uma mistura de mirra, canela aromática, cálamo aromático, cássia e azeite de oliveira (Êxodo 30.23-25). Não há registros sobre a cidade natal de Arão. Ele nasceu no Egito entre os anos 1.280 e 1.270 a.C. e morreu com 123 anos de idade, no alto do Monte Hor, hoje, em território jordaniano.
O Orvalho de Hermon – Hermon, Sirion ou Senir, atualmente conhecido por Jebel esh Sheik (Monte Chefe), é um monte de 2.184 metros de altura, pertencente à cadeia dos Montes Ante-Líbano e se situa ao sul da Síria e norte da Palestina. O topo desse monte está permanentemente coberto de neve promovendo um belo espetáculo aos olhos de quem o observa de longe. Servindo de contraponto entre as terras da região e o mar Mediterrâneo, suas escarpas, ladeadas às de outros montes formam depressões por onde correntes de ar com temperaturas diferentes se encontram e se precipitem em forma de orvalho ou chuva. Em determinada época do ano, parte do gelo que forma uma calota em seu cume costuma se derreter e escorrer pelas ladeiras que o circundam, conservando a terra sempre úmida nos baixios que se estendem desde a sua base até Jerusalém.
O Monte Sião – Este monte tem mais destaque na história dos povos antigos do que o próprio monte Hermon, isto porque este último se situa em local inóspito e de difícil acesso. Já o Monte Sião, localizado na região de Jerusalém, é frequentemente citado em várias passagens bíblicas como um dos mais importantes lugares sagrados. Ele é apenas um monte de baixa altura antes conhecido por Ofel (2Cr 27; 33,14), depois, Sião, quando a Arca da Aliança foi levada para a cidade de Davi. Esta Arca se encontrava na casa de Obede-Edom, em Jerusalém (1 Cr 15.25) e foi levada para a cidade de Davi onde este armou uma Tenda para ela (Cr 15). A “Cidade de Davi” era a fortaleza construída no Monte Sião e levou esse nome porque foi Davi quem a conquistou. Lá, ele edificou mais casas (2SM 5,6-9) e permaneceu até o último dos seus dias.
Este monte foi alvo de muitas disputas na antiguidade. Sobre ele está o Cenáculo, local onde Jesus celebrou a última Páscoa e instituiu a Ceia do Senhor. Medindo apenas 765 metros de altitude, acha-se situado em região distante do Monte Hermon, mas as chuvas que sobre ele se precipitam são em decorrência das alterações climáticas provocadas pela cadeia formada pelos Montes Ante-Líbano, da qual Hermon faz parte, daí, uma das razões de sua citação no Salmo 133 (132).

 

Fonte: JB News

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