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DA SÉRIE: CURIOSIDADES MAÇÔNICAS (IV) – A MAÇONARIA JULGADA PELOS PADRES. ADVERSÁRIOS OU CONFRADES

Já foi dito no antigo anterior que a Maçonaria tem criado inimigos exclusivamente por meios indiretos, qual o de dar combate sistemático à intolerância, a prepotência e ao vício.
Levantam-se então contra a Ordem indivíduos e instituições, do mesmo modo que outras tantas vozes lhe entoam hinos de louvor por benefícios produzidos e crueldades eliminadas. E muitas vezes a diversidade de julgamento sobre os fins e ações da Maçonaria variam entre os membros ativos de uma mesma corporação, seita ou família. Aqueles que julgam de ânimo prevenido ou se deixam impressionar pela aparências desfiguradas, condenam blasfemando inconscientemente. Os que, porém ,antes de proferir juízos, investigam, estudam, observam, esmerilham, estes se manifestam lealmente, conhecedores da matéria julgada e, portanto, juízes serenos e retos.
Infiltrou-se no seio da massa ignorante a convicção burlesca de que a Maçonaria aliada a satanás, combate a Deus, o Cristo e os sacerdotes. Essa ideia bronca e ridícula não foi uma gestação espontânea da ignorância popular: ela foi insinuada e difundida cautelosamente a princípio e depois alimentada pela intransigência mesquinha e pelo ódio dissolvente.
Desejando, pois, arredar do espírito público tão errônea concepção, trago em meu auxílio, para amparar-me os conceitos e guiar-me os passos, além de outras valiosas, a valiosa palavra insuspeita do eminente apostolo católico padre Manoel Bernardes.

Seria inútil tecer ditirambos ao grande sacerdote e maior filólogo, por terem ganho foros de justa notoriedade as suas múltiplas virtudes e os seus não menos numerosos predicados morais e intelectuais. Os exemplos de humildade cristã deixados em profusão pelo padre Manoel Bernardes e mais a sua eloquência persuasiva, sem arrogância, erudita sem pretensiosidade e propagadora de altruísmos sem ouropéis, imprimiram traços tão firmes que ainda hoje guiam os bem intencionados no caminho da verdadeira luz.
Os romanistas mais ferrenhos inúmeras vezes têm trazido a público citações brilhantes de Manoel Bernardes em proveito de seus argumentos, Insuspeitíssimo, portanto, o opinar de eminente sacerdote católico.
Translademos, pois, da obra de Mario Mello, a citação valiosa do provecto conceito que segue:
“ OS FINS DA MAÇONARIA EM NADA SÃO OPOSTOS AOS DOGMAS DA RELIGIÃO DE JESUS CRISTO E SE O FOSSEM EU SERIA INDIGNO MINISTRO, NÃO OCUPARIA LUGAR NO MEIO DESSES HOMENS. A MORAL MAÇÔNICA É TODA SANTA E O DIVINO MESTRE FOI O MAIS FIEL DE SEUS ADEPTOS. – Padre Manoel Bernardes”.
Eis ai, em termos claros, verdadeiros e insuspeitos, o que é a Ordem dos Maçons. É um ministro de Cristo quem se declara Maçom e diz publicamente que a moral maçônica em nada fere os dogmas da religião cristã, mesmo porque Jesus, também ele, foi “o mais fiel de seus adeptos”.
Não se pense que esta é uma opinião isolada: no clero há muitíssimas outras ideias e conceitos semelhantes. Vamos citar mais algumas dentre as inúmeras publicadas. (Ainda uma vez recorro à obra de Mario Mello “A Maçonaria e a Revolução de 1817”).
O cônego Januário da Cunha Barbosa, fundador o Instituto Histórico Brasileiro, em magistral discurso, diz:
“ … filha da Ciência e mãe da caridade, fossem as sociedades como tu, ó santa Maçonaria, e os povos viveriam eternamente numa idade de ouro. Satanás não teria mais o que fazer na terra e Deus teria em cada homem um eleito.”
Vejamos agora o verbo candente do reverendíssimo padre Aniceto Gomes de Araújo, sem contudo esmiuçar das suas razões:
“ Os papas têm se temido da Maçonaria, porque ela não admite sofismas religiosos, crê em Deus e segue todas as máximas do Evangelho. Não crê na infalibilidade do papa nem nas especulações do dinheiro por indulgências.”
Quero crer que o padre Aniceto tenha sido suspenso de ordens depois deste afoito doutrinar… Todavia não sei de nenhum bispo que em nossos dias recebesse castigo de suspensão eclesiástica, embora conheça a opinião que em seguida transcrevo de S. Exa. Revma. , o sr. Bispo Sebastião Pinho do Rego:
“ Jesus Cristo instituiu a caridade. A Maçonaria apoderou-se dela e constituiu-a sua mestra. É sob os seus auspícios que não morre a sua esperança e se robustece a sua fé. Bendita seja esta irmã da Igreja na virture.”
Ouçamos ainda a vibrante eloquência de mais um ministro de Jesus:
“ Nenhuma verdade resplende mais do que aquela que dá à Maçonaria o seu lugar coo a melhor benfeitora da Humanidade. Onde há uma dor ela consola; onde há uma lágria, ela enxuga; onde há um órfão, ela ampara; onde há um ignorante, ela ensina; onde há um criminoso, ela aconselha; onde há um virtuoso, ela dele se aproxima; onde há um bem, ela o pratica. É digna do divino filho de Maria.” – Padre José de Santa Barbara.
Grande foi o número de padres filiados à Maçonaria e ainda há poucos anos atrás um jornal de Vitória publicou uma longa lista de sacerdotes maçons, sobre cuja autenticidade não há a menor dúvida, uma vez que os seus nomes estão registrados no Grande Oriente do Rio de Janeiro (Mario Mello, obra citada). Dessa lista de 47 padres, bispos e vigários filiados à Maçonaria, citaremos apenas os nomes mais conhecidos:
– Bispo, conde de Irajá, sagrador, coroador e celebrante do casamento de D. Pedro 2º, alcançou na maçonaria o mais elevado grau (33.’.(.
– Padre D. José Caetano (33.’.), 1º Presidente da Constituinte do Brasil.
– Padre Diogo Feijó (33.’.), Regente do Brasil na menoridade de D. Pedro 2º.
– Frei Francisco de Monte Alverne (33.’.) o maior pregador brasileiro do século XIX.
– Padre Francisco José de Azeredo (18.’.), inventor da primeira maquina de escrever.
– Cônego Januário da Cunha Barbosa (7.’.), fundador do Instituto Histórico Brasileiro.
Todos esses homens de notáveis talentos e apreciadas virtudes, deixaram vestígios luminosos não somente na igreja, mas também na administração pública e na Maçonaria.
Nada havia, pois, no mundo maçom que os incompatibilizasse com o clero. E ninguém negará que qualquer um destes nomes citados tinham servido com valor e lealdade a sua religião e aos princípios maçônicos. Aliás, a Maçonaria no Brasil podemos dizer que foi fundada pelos sacerdotes que formaram à frente do movimento revolucionário de 1817 em Pernambuco, visando a independência. Desde o Areópago de Itambé, que, segundo Mario Mello, foi o primeiro instituto maçônico a fundar-se no Brasil, até a realização das ideias libertárias pelo brado de 1822, que os sacerdotes aparecem como figuras de relevo, quase que inteiramente consagrados à Ordem.
Oliveira Lima explica esse prurido de liberdade nobremente manifestado pelos ilustres eclesiásticos daquele tempo, com a alegação de que os sacerdotes formavam a classe mais instruída do país e por esse próprio fato se aninhava entre eles o mais veemente amor à liberdade.
Fosse por esta ou por outra qualquer causa, o fato é que eles não estavam divorciados da moral cristã por serem fieis adeptos dos princípios maçônicos.
Antes, seguiam o exemplo do divino mestre que, ao lado de Rama Krishna, Hermes, Moisés, Orfeu, Pitágoras e Platão, constitui a plêiade formidável dos maiores iniciados da história.
Não fossem os ensinamentos bebidos no seio dos Essênios, de cujos mistérios Jesus foi um dos mais fervorosos prosélitos, como se explicaria racionalmente a indubitável cultura moral e filosófica de Cristo ?
O sobrenatural poderia servir de argumento destruidor dessa interpelação, mas, ficaria, ainda em vertical a verdade histórica, com a adaptação flagrante de várias formalidades dos mistérios Essênios, feita por Jesus, no seu apostolado. Várias são as analogias existentes nas doutrinas dos Essênios e de Jesus, como sejam: “O amor do próximo considerado como primeiro dever; o defeso de jurar para atestar a verdade; a humildade; a instituição da Ceia imitada dos ágapes fraternais dos Essênios, embora com um sentido novo o do sacrifício.” (Ed. Schuré – Os Grandes Iniciados).
Ainda um outro argumento se levanta para comprovar que Jesus imbuiu-se das doutrinas ensinadas no centro essênio de Engady, de que era um dos membros mais salientes, conseguindo até a iniciação superior do 4º grau, conferida apenas aos eleitos, aos indivíduos destinados a uma missão profética. Assim é que o Nazareno, que combateu e atacou vibrante e abertamente todas as seitas e religiões de seu tempo, guardou todavia o mais cuidadoso silêncio a respeito dos Essênios, certamente porque os considerava como sendo dos seus.
O próprio mistério da Santíssima Trindade, não é original. Ele vem consignado na doutrina dos Essênios, que já o adotaram de krishna, que assim esclarecia o segredo da vida, entre os brahmanes:
“ Aquele que sem cessar cria os mundos é “triplice”. É Brahma, o Pai; é Maya, a mãe; é vishnou, o Filho; Essência, Substância e Vida”. ( E. Schuré, obra citada).
Aliás, segundo o autor dos “Precursores e Revoltados” a série que nasce em Roma e vem até Jesus tem a sua sequência histórica ininterrupta: “Rama não nos revela senão os aspectos do templo; Krishna e Hermes fornecem-nos a sua chave; Moisés, Orfeu e Pitágoras revelam-nos o seu interior: Jesus Cristo representa seu santujário”.
Do Cristianismo aos “Cavaleiros”, aos “Templários”, aos incorporados D’Arc” e finalmente aos franco-maçons, a cadeia é sempre a mesma, porque igual é a essência moral e filosófica da Grande Ordem.
Fica, portanto, mais uma vez demonstrado:
– Que a Maçonaria e o Cristianismo têm a mesma moral, a mesma filosofia, iguais princípios e uma única origem.
– Que assim sendo, não é de estranhar que figuras eminentes do clero tenham feito parte da Ordem Maçônica, trabalhando conosco na regeneração e alevantamento moral dos povos.
– Que uma instituição de foi Cristo um dos seus mais fieis adeptos, dando assim lugar a que vários de seus ministros posteriormente a tenham também abraçado, uma instituição assim, não pode ser condenada, nem acusada de propagar o mal, de ferir a Deus e compactuar com Satan.
Só o espírito obliterado pelo despeito doentio, sem ânimo para estudar, sem calma para investigar e sem consciência para refletir, poderá levantar a voz para atacar a Maçonaria, cujo único “defeito” é o de “levantar altares á verdade e cavar masmorras ao Vício”.
Fonte: Boletim do Grande Oriente do Brasil, Setembro de 1922, pags. 910/914
Pesquisa: Helio P. Leite
Esta série continua amanhã, quarta-feira com a sua quinta e última etapa:
O que a Maçonaria não é. A Maçonaria não é uma sociedade secreta.
Octaviano Bastos

 

Fonte: JB News

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