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CURIOSIDADES MAÇÔNICAS (III) – MAÇONARIA. SEUS PRINCÍPIOS – SEUS INTUITOS: CONTRA OS ATAQUES CLERICAIS

Seria um trabalho profícuo, seria também um esforço utilitário, não somente em benefício da Maçonaria, mas, da humanidade em peso, o de investigar-se o fundamento de certas acusações que se levantam à Ordem Maçônica.
Obreiro, o mais humilde, da grandiosa congregação que vem sendo o arauto da civilização desde os tempos mais longínquos, não seria eu, de certo, quem tivesse poderes para convencer àqueles que teimam por interesse e discutem com fins preconcebidos…
Alinhavando as frases, que se seguem, nascidas de ensinamentos históricos e propulsionadas pelo desejo de esclarecer certos pontos mais em evidência nos ataques sistemáticos à Ordem, não viso discutir crenças religiosas nem criticar seitas de qualquer espécie. O desbotado frasear com que me apresento em público está vazio de originalidade, servindo somente de compilação ou representando apenas uma desvaliosa síntese do pouquíssimo que a minha retentiva conseguiu guardar dos ensinamentos de obreiros ilustres.
Apoiado nas lições dos mestres, tenho apenas o intuito de demonstrar aos que ignoram sinceramente que a Humanidade deve à Maçonaria as suas mais brilhantes conquistas morais e científicas e os seus principais avanços no progresso. Isto para falar em tese, sem descer por enquanto a especializações, porque diríamos então que nós outros, brasileiros, a ela devemos nossa própria nacionalidade, uma vez que a força libertadora que produziu a “Independência ou Morte” gerou-se e agiu no seio da Maçonaria carioca, repercutindo depois como um simples eco à margem do arroio paulista.
A história da Maçonaria ocupa toda a vida da humanidade, apresentando-se-nos como uma interinina cadeia, cujo primeiro elo, forjado entre os persas, nos Mistérios dos Magos, recebe
4 – Da Série: Curiosidades Maçônicas (III)
(pesquisa de Helio P. Leite)
JB News – Informativo nr. 1.796 – Florianópolis (SC) segunda-feira, 31 de agosto de 2015 Pág. 8/25
novos elementos de coesão entre os brahmanes: depois entre os padres de Ísis, no Egito; consolida-se na Samo-Tracia; mais se avigora ao pulso de Orfeu nos Mistérios de Eleusis: sofre reformas fundamentais pelo gênio de Salomão; reafirma-se ao influxo do Cristianismo; estende-se à Europa com a organização da “Cavalleira”, depois com a “Ordem do Templo”, mais tarde com a “Corporação D’arc” e finalmente em 1803 da era vulgar, cristaliza-se na organização da “Franco-Maçonaria”.
Em todas as épocas, qualquer que seja a faceta cronológica com que se a examine, verifica-se por demonstrações que a “Iniciação” antiga ou a “Maçonaria” moderna teve sempre dois fins básicos: o alevantamento moral dos povos e a propagação da ciência. E por isto os maiores filósofos, os principais criadores de seitas, os grandes inspirados, foram todos eles membros ativos da “Iniciação”, onde trabalharam, onde aprenderam e pontificaram.
Moisés, Hiram, Salomão, Pitágoras, o próprio Cristo, foram iniciados.
Sim, Cristo, cuja doutrina, segundo doutas opiniões, é uma revelação dos antigos Mistérios Essênios foi também um iniciado e estava ligado por solene juramento cujas bases eram: “unidade de Deus; liberdade do homem; e igualdade dos homens da mesma família.”
Era bem de ver que tais doutrinas abalassem em seus alicerces as instituições guardadas pelos doutores de Jerusalém, mantenedores dos privilégios de casta e de profissão, e oráculos convictos do politeísmo. Dai a condenação de Cristo e as sucessivas perseguições ao cristianismo antigo, dando lugar a que somente em 221 da era vulgar sob Alexandre Severo, deixassem de ser os mistérios do cristianismo exercidos em subterrâneos, secretamente.
Curioso é que se condena a Maçonaria principalmente por ser uma “associação secreta”.
Esquecem-se, de certo, porque não devem ignorar os que nos condenam por este motivo, de que os primeiros passos do cristianismo foram dados em segredo; sendo certo também, segundo a citação de R. de Schio por um Cav.’. Rosa Cruz em edição de 1874 que “Cristo fez-se reconhecer por sinais a dois de seus discípulos.
Havia, pois, sinais, manifestações simbólicas e secretas, cuja origem aliás vem dos persas, e pelo quais todos os iniciados, e também Cristo e seus discípulos, se davam a conhecer publicamente, mas, cuja significação só eles conheciam. O Sacerdócio dividiu a doutrina Cristã em pública e secreta antes mesmo de Constantino. “E foi pela Iniciação secreta. que o Sacerdócio apropriou para si só a doutrina admirável de Cristo, a qual, segundo Vassal, encerrava o republicanismo puro, pois que a igualdade e a liberdade eram as suas verdadeiras bases.” (Aut. Cit.).
A Maçonaria embora não seja uma religião, despida que é de dogmas e disciplina religiosa, é todavia a instituição que mais tem conservado as suas tradições de origem. Vemos ainda hoje nos rituais modernos a conservação cuidadosa e integral de quase todo o simbolismo elevado que presidia às reuniões da antiga Iniciação muitas centenas de anos antes de Cristo !
E é justamente este exame retrospectivo, através das múltiplas organizações maçônicas, desde os “Mistérios dos Magos” até aos nossos dias, que nos leva à convicção de que essa perpetuidade de símbolos demonstra a verdade histórica da origem tão remota da Grande Ordem. Como se poderia admitir, pois, que uma organização má e de práticas censuráveis pudesse resistir impávida aos milhares embates que tem sofrido, desde a barbárie mais remota, perdida quase no báratro pré-histórico, até a época dominante das conquistas mais eloquentes de uma civilização semi-perfeita ?
O mal que perdura indefinidamente, que domina, que vence, que se impõe, que pontifica não tem outro exemplo senão em lucifer, condenado contraditoriamente a pena eterna, por uma grande misericórdia benfeitora.

Todo o mal é retrógrado e como tal será sempre vencido, e aniquilado, uma vez que a tendência em todos os movimentos, quer espirituais quer biológicos é sempre para a evolução, para o aperfeiçoamento, seja de células ou seja de ideias.
Se a Maçonaria sustenta ainda a vertical rigorosa de suas colunas iluminadas, rebrilhando em mil faiscamentos de Verdades puras, de Moral imaculada e Fraternidade perfeita, é que ela se tem norteado unicamente pelos princípios alevantados de sã filosofia.
Um simples e ligeiro regardo pelas várias organizações maçônicas consignadas na história, nos ensina que a Ordem colimou sempre o soerguimento moral das turbas, condenando vícios e endeusando virtudes.
Vejamos as bases sobre que assentam os diversos mistérios que foram o berço da Maçonaria.
1º – Mistérios dos Persas ou dos Magos: tinham dois fins “a conservação dos conhecimentos úteis e científicos e a união da teogonia às ciências”;
2º – Dos Padres do Egito ou Mistérios de Isis colimavam três ordens de coisas: a instrução pública e privada, a indústria e a prosperidade dos egípcios e o equilíbrio político;
3º – Os Mistérios da Samo-Tracia “tiveram por fim a coragem e o patriotismo”;
4º – Mistérios de Orfeu “tiveram em vista dois fins louváveis: “a abolição do charlatanismo dos mistérios de Céres e a instituição de um colégio científico”;
5º – Mistérios Essênios – visam: “a abolição da idolatria; a benevolência e a filantropia; o amor da pátria”;
6º – Mistérios do Cristianismo – que instituíram uma nova religião fundada na “igualdade, liberdade política e religiosa e a abolição de castas privilegiadas”;
7º Mistérios dos Francos tinham por finalidade “a tolerância, a filantropia, a prosperidade e a independência da pátria”;
8º – Mistérios britânicos – incidem sobre “glória nacional; uma gloriosa filantropia; o amor das ciências e das ideias liberais”.
Vê-se por esta ligeira exposição em que figura a síntese dos princípios nos diversos Mistérios que formam a cadeia ininterrupta da ordem maçônica, desde a sua época mais primitiva, que o fundo filosófico é sempre o mesmo, embora variam ligeiramente certos intuitos.
A essência moral da Iniciação, porém, foi conservada com o máximo de cuidado, aparecendo em todas as corporações maçônicas de todos os tempos.
Quanta magnanimidade, quanta elevação , que de grandezas morais, sociais, políticas e humanitárias encerra essa filosofia, abrange o Grande Instituto !
Não seria improfícuo o tempo gasto numa rápida investigação nos fastos históricos em que a Maçonaria tem representado papeis de alta investidura.
O golpe de morte vibrado nos crimes horripilantes da Inquisição, depois de lutas terríveis em que milhares de vidas maçônicas foram imoladas à causa libertária, assinala talvez o ponto de partida nos domínios da era histórica.
Nesse embate em que a Ordem, dentro de seu programa de ação constante, sem os alardes da publicidade vaidosa, livrou a humanidade do mais corroentes de seus cancros, consolidou-se o ódio ferrenho à Maçonaria.
A unificação italiana, derrocando poderes discricionários, obra maçônica de liberdade e patriotismo, acirrou ainda mais o despeito sistemático e interesseiro. Se a Maçonaria tem inimigos, ela de certo não os criou senão indiretamente, dando combate sem tréguas às iniquidades, à intolerância, ao despotismo, ao ódio entre os homens, à prepotência criminosa e aos privilégios de casta. E nesta ação ela está sem dúvida coerente com os princípios que vem sustentando e defendendo desde tempos remotíssimos.

Os que são colhidos na vassourada, com que a Ordem Maçônica tem saneado o mundo, revoltam-se naturalmente despeitados, gemendo o rancor incontido dos vencidos.
Vencidos políticos, vencidos sociais que, acobertados por falso manto de religiosidade, procuram despertar o sentimentalismo lamecha das massas indefesas pela ignorância.
Não temos, pois inimigos religiosos, temos, sim, inimigos políticos-sociais proteiformes e insidiosos.
Nosso campo entretanto, é vasto e a luz que nos norteia é bastante intensa e profusa, para abrigar aos bem orientados e melhor conduzidos.
Que somos carbonários e inimigos do poder constituído, dizem eles.
Em resposta apontamos chefes de governos, soberanos eminentes, obreiros e dirigentes de Lojas Maçônicas: D. Pedro 1º, Visconde do Rio Branco, José Bonifácio, Marquês de Abrantes e tantos outros entre nós. E lá fora Washington, Lafayette, Eduardo VII, Jorge V, para citar apenas estes.
Claro é que uma instituição de que fazem parte homens de governo, figuras relevantes da administração pública, não pode ser uma sociedade anarquista ou revolucionária.
Justamente ao contrário do que se nos acusa, a Maçonaria tem contribuído com eficiente esforço para o equilíbrio das instituições, reagindo somente em benefício do adiantamento social, quer nas lutas de independência dos povos, quer nas mutações de regimes em que s consubstancie a vontade espontânea dos cidadãos.
Por tudo isso ela vem vencendo desde a antiguidade oriental até às nações cultas do ocidente.
A América, também ela tem sentido o influxo benfazejo da Grande Instituição.
A independência brasileira, a abolição da escravatura no Brasil, o advento republicano entre nós, são outros tantos passos de gigantes no caminho da evolução dos povos e outros tantos azorragues zurzidos a fundo na intransigência retrógada, na intolerância regressiva, no absolutismo, na escravidão de consciências !
Dai a grita desabrida, nascida dos recantos sombrios do interesse particular esfrangalhado pelo simoum purificador.
A Maçonaria não combate crenças, nem seitas, nem dogmas, nem oráculos: mas feriu de morte, fer e há de ferir o travestimento da perversidade por doçura, da cólera por amor, da ambição por desprendimento, do algoz por vítima da vingança, por misericórdia, da prepotência por humildade ! …
Fonte: Boletim do Grande Oriente do Brasil, Setembro de 1922, pags. 906/910.
Pesquisa: Helio P. Leite

Fonte: JB News

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