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HomeTemplo de Estudos MaçônicosA KABBALAH PARA MAÇONS – A ORDEM NO CAOS

A KABBALAH PARA MAÇONS – A ORDEM NO CAOS

Em suas pesquisas sobre a origem do universo a ciência só conseguiu, até agora, chegar ao conceito do “átomo primordial”, ou seja, um “ponto no espaço” tão densamente carregado de energia, que não podendo conter em si tamanha pressão, um dia explodiu. Por falta de um nome melhor para nomear essa “densidade energética dos princípios” que vazou para além de si mesma, deram-lhe um nome ainda mais estranho. Chamaram-na de Singularidade, ou seja, “algo” que explodiu, dando início ao tempo e gerando a matéria que preenche o espaço cósmico. E daí a visão científica do nascimento do universo através do fenômeno que eles chamam de big-bang, ou a grande explosão. Essa explosão inicial liberou a energia que estava presa dentro dessa Singularidade. Espalhando-se pelo nada cósmico ela se transformou em uma enorme bolha de gás e partículas atômicas que, desde então, se encontra em constante expansão. Nessa visão o universo é visto como se fosse uma bexiga cheia de pontinhos luminosos, que está sendo enchida eternamente; a cada soprada ela se torna maior e os pontinhos se afastam cada vez mais uns dos outros. Assim, segundo a moderna ciência, vivemos em um universo em eterna expansão. Essa expansão, todavia, não é aleatória nem descontrolada, por que, dentro dele, existem forças que atuam em um sentido contrário ao que orienta a sua expansão pelo nada cósmico. É uma força de retração, que está presente em maior ou menor grau em todos os corpos materiais, e faz com que as massas de seus corpos se agrupem e formem sistemas. Assim, na imensidade do plano cósmico, os corpos menores são atraídos pelos corpos maiores e ficam presos em suas órbitas, girando em volta deles, formando os sistemas planetários. Estes, por sua vez, se agrupam formando galáxias, e estas as nebulosas, fazendo do universo uma espécie de organismo cósmico, com suas células, órgãos e sistemas. A força da atração, que se traduz pela lei da gravidade, impede que o universo se torne um imenso caos de forças desordenadas, como se fosse uma manada de bois estourada, correndo em todas as direções. Nasce dessa forma a organização cósmica, da mesma forma que a matéria bruta e a matéria orgânica também assim se estruturam para formar elementos químicos, compostos, produtos, biomas, ecossistemas, organismos. É a ordem posta no caos. Ordo ab Chaos.1 Nesse particular, o discurso científico não deixa de conter um certo esoterismo. Por outro lado, na mística contida no discurso esotérico também podemos encontrar fumos de ciência. Ambos concordam que a matéria bruta é feita de átomos, os átomos se juntam para formar compostos e os compostos constituem a maior parte da matéria universal. Similarmente, a matéria orgânica se forma a partir de células que se juntam para formar moléculas e estas se reúnem em sistemas. Todos com seus domínios e funções, da mesma forma que cada vida, humana ou animal, tem o seu domínio, sua função e sua missão na estrutura do universo. No imenso do espaço cósmico e no ínfimo do núcleo atômico da matéria, fundem-se os domínios da física com os da metafísica para nos dar, talvez, a compreensão de como o universo funciona e como ele está sendo construído. Na verdade, o que seduz tanto os místicos quanto os cientistas é a ideia de que toda a matéria universal tem sua origem em uma forma de energia. No principio do universo ─ nisso tanto a religião quanto a ciência concordam ─, existia apenas a luz da grande explosão do big-bang. Nesse estágio embrionário do Cosmos, aquilo que chamamos de massa ainda não havia se formado. Nada tinha peso ou qualquer outra qualidade que pudesse ser identificada como matéria. Todos os corpos que existem, existiram e existirão eram somente uma coleção de partículas subatômicas movendo-se à velocidade da luz. Um certo tipo dessas partículas (fótons, elétrons, neutrinos) formavam uma espécie de oceano invisível, um campo energético de infinita radioatividade. Foi na interação com esse “oceano” que certas partículas, como os quarks (que formam basicamente toda a matéria universal, inclusive o nosso corpo), adquiriram massa e vieram a se tornar o que conhecemos como universo físico. Na força que os quarks fazem para atravessar esse oceano oleoso, dizem os cientistas, é que a massa física do mundo acaba sendo gerada. Isso significa que sem esse “oceano primordial” não haveria matéria. Mais ou menos como diz a Bíblia: “ No princípio, ao criar Deus os céus e a terra, a terra era sem forma e vazia, e havia escuridão sobre a face do abismo, e o espírito de Deus pairava sobre a face das águas.”2 Cientista é um bicho teimoso. Não importa que sua teimosia seja chamada de pragmatismo, racionalismo, positivismo ou qualquer outro nome que se queira dar a essa mania de buscar prova material para tudo. E para isso leva anos e anos pesquisando, estudando, fazendo os governos gastarem bilhões de dólares em recursos para tentar provar aquilo que o espírito humano já sabe desde que o primeiro homem experimentou a sua primeira reflexão: que Deus existe e que é Ele, seja lá o que Ele for − uma entidade ou uma forma de energia − que dá existência a toda realidade cósmica. Galáxias, estrelas, planetas, asteroides, tudo são condensações de energia. Como disse o físico Heisenberg, se a gravidade fosse retirada do universo, a luz também desapareceria e o mundo desabaria sobre si mesmo.3 Por seu turno Hawking nos mostra que existem no universo duas forças que regem a sua formação: a força da expansão, que faz com que o universo se expanda na velocidade da luz, e a força da contração, que faz com que as massas cósmicas se agrupem e formem os sistemas planetários. Essas duas forças se traduzem em duas leis: a relatividade e a gravidade.4

Os cultores da Kabbalah mística nos dão uma interessante visão desse processo. Eles mostram Deus como sendo uma extraordinária concentração de energia em estado latente, presente desde sempre no vazio cósmico. Chamam á essa energia de “Existência Negativa”, ou “Ain”. Em dado momento, essa energia, em virtude dessa infinita concentração, “vaza” para além de si mesma. Então Deus manifesta-se em sua forma positiva. Torna-se “Existência Positiva”, ou Ain Soph, a Infinidade. Em seguida, essa Luz sem limite concentra-se em um ponto (Ain Soph Aur) dando origem á primeira manifestação divina no mundo da matéria, que é a chamada séfira “Kether”, a Coroa da criação, a Singularidade de Hawking. A partir daí Deus mostra o seu “Vasto Semblante”, que é o universo material, e dá início ao tempo, que é representado simbolicamente como o “Ancião dos Dias”.5 É uma boa teoria, como de resto todas as demais. Se é assim mesmo, não sabemos dizer, mas ela nos dá um sentido de unidade que amiúde não encontramos em nenhuma outra teoria, científica ou religiosa, que se propôs a explicar como o universo é feito e com que sentido. Talvez, se os cientistas não fossem tão teimosos, eles já teriam descoberto como o universo nasceu na descrição que o cronista bíblico faz da criação do mundo e assim não precisaríamos gastar tanto tempo, fosfato e dinheiro para comprovar o que a intuição humana já sabe desde o princípio dos tempos. Nesse sentido, a Bíblia diz, textualmente, que céu e terra (ou seja, o universo) nasceram com o surgimento da luz. A luz, portanto, foi a primeira manifestação da Existência Positiva de Deus (na linguagem da Kabbalah), e essa luz é o “Espírito de Deus” promovendo a fecundação da vida sobre as “águas primordiais”, como diz um belo poema gnóstico. Tudo isso é intuição do espírito humano registrada na forma de símbolos e metáforas, porque a humanidade ainda não conseguiu desenvolver linguagem técnica suficiente para explicar os noventa e nove por cento do universo que ainda permanecem desconhecidos para nós. É muito bom que os cientistas tenham descoberto (se é que de fato descobriram) o DNA do universo físico (o chamado bóson de Higgs). Mas nada disso nos leva a uma compreensão do que realmente Deus é, e qual o caminho mais seguro e correto para se chegar a Ele. Isso porque o caminho para Deus nunca será desvelado no estudo do que é simplesmente material. Por isso é que a ciência jamais prescindirá da filosofia (e dentro desta a teologia) como ferramenta de investigação da parte oculta do universo, que é a sua porção espiritual. Tudo isso nos mostra que o universo não é caótico e Deus não é indiferente ao seu destino. Existe um processo que regula a sua criação e orienta o seu desenvolvimento. Uma “Ordo ab Chaos”, da qual participamos, talvez inconscientemente. Por enquanto sabemos apenas que existem duas margens nesse imenso rio que precisam ser ligados por uma ponte. Algumas pilastras já foram construídas por grandes sábios do passado e do presente. Uma boa parte delas é obra dos mestres cabalistas. É andando sobre elas que nós, os maçons, com muito cuidado, podemos encetar esta nossa grande aventura espiritual.

 

Fonte: JB News

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